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20.7.12

O bumba meu boi para refletir sobre folclore



Folclore
IntroduçãoO bumba meu boi é uma das lendas mais conhecidas do folclore brasileiro. Nascida no século 18, a dança está presente em diversos estados com diferentes nomes: boi-calemba em Pernambuco, boi janeiro na Bahia e boi de mamão em Santa Catarina. É uma porta de entrada interessante para abordar a diversidade na cultura popular.
Objetivos
- Discutir as relações entre folclore, cultura popular/cultura erudita e literatura;
- Refletir sobre a possibilidade do folclore e da cultura popular com forma de resistência e preservação da memória e história social de um povo;
- Refletir sobre os efeitos dos processos de apropriação e do apagamento da cultura popular e da substituição de elementos do folclore nacional por elementos de outras culturas.
Conteúdos
- Folclore: definição e relação com as culturas popular e erudita.
- Cultura popular: construção, preservação e apagamento/substituição.
Anos6º ao 9º.
Tempo estimadoDois meses.
Material necessário 
Cartolina ou papel kraft, cola, tesoura, canetas hidrográficas, caixas de papelão, embalagens cartonadas; embalagens de ovos, potes de iogurte, folha de papel (preferencialmente já descartadas e que possam ser reutilizadas), retalhos de tecidos diversos, livros sobre folclore, cultura popular e Literatura Brasileira.
Desenvolvimento
1ª etapa - Contextualização do que é folclore
Inicie o trabalho conversando com os alunos o que eles consideram como elementos do folclore e o que diferencia a cultura popular da chamada cultura erudita. Anote as opiniões no quadro negro e, posteriormente, apresente os conceitos teóricos sobre cultura e folclore realizando a mediação entre as impressões dos alunos e esses conceitos.
Para se embasar sobre o assunto, é recomendável ler antes da aula o texto Cultura popular: revisitando um conceito historiográfico, de Roger Chartier. No texto é possível encontrar as diferentes definições de cultura popular, que podem ser divididas em dois grandes grupos: um que a considera autônoma, com lógica própria e completamente irredutível à cultura letrada. E um que, focalizando as hierarquias existentes no mundo social, percebe a cultura popular em suas "dependências e carências em relação à cultura dos dominantes”.
Uma das classificações possíveis para definir folclore para os alunos é identificá-lo como o conjunto das manifestações culturais de um povo, que está em constante mudança e que conta com a participação de elementos populares e eruditos. Com base no texto, conte a eles que as duas definições só podem ser entendidas se consideradas como teorias que se complementam, ou seja, as culturas erudita e popular convivem e se influenciam. Encaminhe o debate para uma discussão sobre a importância das lendas e mitos para a cultura de um povo e a influência deles na caracterização de uma identidade nacional.
Logo após a explicação, informe à classe os objetivos do projeto: em resumo, ele visa o estudo de algumas características do folclore brasileiro a partir do bumba meu boi. Conte que a lenda será trabalhada em aula para que os alunos se familiarizem com a história. Explique que o produto final das atividades será uma representação do bumba meu boi. Isso será feito por meio de um teatro de fantoches produzido pelos próprios alunos.
2ª etapa - Apresentação da lenda do bumba meu boi
Informe à classe que chegou a hora de conhecer a lenda do bumba meu boi. Leia a lenda para os alunos e tire as dúvidas que eles possam ter sobre o assunto. Explique que a festa do Boi constitui uma espécie de ópera popular. Basicamente, a história se desenvolve em torno de um rico fazendeiro que tem um boi muito bonito. Esse boi, que inclusive sabe dançar, é roubado por Pai Chico, trabalhador da fazenda, para satisfazer a sua mulher Catirina, que está grávida e sente desejo de comer a língua do boi. O fazendeiro manda os vaqueiros e os índios procurarem o boi. Quando o encontram, ele está doente, e pajés são chamados para curá-lo. Depois de muitas tentativas, o boi finalmente é curado, e o fazendeiro, ao saber do motivo do roubo, perdoa Pai Chico e Catirina, encerrando a representação com uma grande festa.
Aproveite para contar que as representações do bumba meu boi acontecem em vários estados do Brasil e não possuem datas fixas para acontecer.
Ao fim dessa etapa, solicite aos alunos que tragam caixas de ovos, embalagens cartonadas, canetas coloridas e tesouras sem ponta e avise que a classe irá construir marionetes com as quais farão a representação teatral do Bumba meu boi.
3ª etapa - Familiarização com as diferentes expressões do bumba meu boi
Antes de iniciar a confecção das marionetes, apresente um vídeo que explica as diferentes manifestações da festa por todo o Brasil (nos dicionários e textos sugeridos na reportagem Folclore, uma bibliografia comentada, link é possível encontrar informações para complementar a exposição). Os professores ainda devem chamar a atenção dos alunos para os fatores sociais que a lenda suscita, como a questão da fome e o mito dos desejos da mulher grávida, a maneira como uma mesma história une todo o país sendo modificada pelos sotaques das diferentes regiões, mas mantendo a essência, o conteúdo básico.
Antes de exibir o vídeo, explique aos alunos que o boi é a principal figura da representação. Ele é feito de uma estrutura de madeira em forma de touro, coberta por um tecido bordado ou pintado. Nessa estrutura, prende-se uma saia colorida, para esconder a pessoa que fica dentro dele, que é chamada de "miolo do boi". Ainda há também as burrinhas, feitas de maneira semelhante ao boi, porém menores, e que ficam penduradas por tiras, como suspensórios, nos ombros dos brincantes.
Conte aos alunos que todos os personagens que fazem parte da encenação são representados de maneira alegórica, com roupas muito coloridas e embalados por coreografias. Peça para que os estudantes escolham qual manifestação do Boi querem interpretar e solicite uma pesquisa sobre as particularidades da festa no estado brasileiro escolhido.
Bumba meu boi do Maranhão
4ª etapa - confecção das marionetes
Logo após a explicação sobre o bumba meu boi, os alunos aprenderão a fazer os elementos que serão utilizados no teatro de bonecos. Para que consigam visualizar e aprender a técnica, o professor pode exibir mais dois vídeos, que ensinam como a confecção dos fantoches é feita. É importante, entretanto, dar liberdade de criação para que o grupo possa apropriar-se culturalmente da produção.
5ª etapa - Representação da história
Depois da confecção dos fantoches, os alunos passarão a elaborar a representação da história que será apresentada. A sala construirá a representação da narrativa. Nesse momento, algumas cópias da lenda do Boi podem ser distribuídas aos alunos para que sirvam como material de apoio. Os alunos devem usar também as pesquisas que fizeram para montar o roteiro da apresentação. Nesta etapa é importante que os professores de todas as áreas auxiliem as turmas a manter o foco no duplo objetivo da ação, que não é só elaborar bonecos, mas resgatar culturalmente uma tradição.
6ª etapa - Apresentação de uma classe para outra
Nesta etapa, os alunos apresentarão para as crianças do Ensino Fundamental I a lenda que aprenderam. Dividida em dois momentos: o primeiro será o de contar a lenda e o segundo o da apresentação do teatro de bonecos. A atividade pode ser feita no pátio ou por meio de visitas de uma sala a outra.
Produto final
Apresentação do bumba meu boi.
Avaliação 
Observe a participação dos alunos em cada uma das etapas e verifique se eles conseguem entender a relação entre folclore e cultura popular: de que forma a manutenção de tradições culturais representam os elementos da cultura local e como ela pode se transformar por meio da apropriação de elementos externos?
A apresentação será fundamental para que o professor perceba se os alunos conseguiram de fato apreender todo o conteúdo explicado durante os dois meses de trabalho. Ainda resta alguma confusão? A história foi representada de forma a fazer que os outros alunos que assistiram possam entender o que é o Bumba meu boi? O que pode ser melhorado?
Tomando como base o trabalho apresentado pelos alunos, pode ser interessante retomar o que não ficou bem entendido. Vale a pena, por exemplo, fazer uma avaliação numa roda de debate posterior à apresentação, em que todos falam e o professor também coloca sua avaliação crítica.
Consultoria MARCIO AUGUSTO DE MORAES, Doutor em Literatura Comparada e Teoria Literária (USP) e Professor de Literatura do Colégio Ítaca, em São Paulo. revistaescola

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